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quarta-feira, janeiro 05, 2005

Dogville
Só ontem assisti ao Dogville, filme do Lars von Trier. Fiquei maravilhado com a nova estética cenográfica. Como se de um palco se tratasse, o espaço é composto por casas desenhadas no chão e por alguns adereços e decoração. A chuva, o vento e o bater das inexistentes portas são-nos dados a perceber através da sonoplastia, bem como pelos movimentos, marcações e diálogos dos actores. E a direcção é magistral.
Quando Grace chega a uma Dogville precária e desfavorecida, surge-nos uma personagem em fuga, fraca e receosa. Tão próxima da existência local. E se ela ao longo do tempo aceitou e compreendeu a fraqueza humana ali existente, sendo alvo do egoísmo dos habitantes, suas violações e luta pelo poder, no final a nova luz irá trazer-lhe a consciência da inexistência de desculpa e de punição pelos abusos que lhe infligiram. Inicialmente Grace, numa lógica maniqueísta, representa o bem, o anjo bom, a moral, a tolerância, e compreende que os habitantes da vila agem primariamente da forma que conhecem, da forma mais natural, agem como cães. E se ela fosse como eles ou vivesse como eles agiria do mesmo modo. Porém, essa nova luz derradeira que emanará da sua consciência vai mostrar-lhe os espinhos e os defeitos de Dogville. Vai mostrar-lhe que não há castigo que possa punir a gente de Dogville e que não há desculpa que os perdoe.
É assim que nos é apresentada Dogville e os seus homens, que são maus por natureza, fazendo-nos lembrar o raciocínio de São Tomás Aquino: O Pessimismo Antropológico. Por seu lado, as metáforas também estão presentes, através do pecado original (as maçãs) ou da caixa de Pandora. Dogville ou melhor, a América (EUA), é destruída para servir de exemplo aos outros, ao mundo, à humanidade...


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